Fratura de Monteggia
Introdução
Fratura de Monteggia é a fratura do terço proximal ou médio da ulna, com luxação da cabeça do rádio. A cabeça do rádio pode estar luxada anteriormente, posteriormente, ou lateralmente, e em alguns casos tanto o rádio como a ulna estão fraturados.
(HOPPENFELD, S et al., 2001).
Etiologia
Avaliação Clínica
- Edema de cotovelo, deformidade, crepitação e arco doloroso de movimentos do cotovelo, especialmente supinação e pronação.
- Um exame neurovascular é essencial, porque lesão nervosa, especialmente ao nervo radial ou ao interósseo posterior, é comum. A maioria das lesões nervosas é descrita com as fraturas do tipo II de Bado.
(EGOL, KA et al., 2013).
Avaliação Radiológica
- Incidências AP e lateral do antebraço (incidências adicionais devem incluir o punho e o cotovelo) são necessárias.
- Incidências oblíquas podem auxiliar na definição da fratura .
Achados radiológicos normais:
- Uma linha traçada através da cabeça e da diáfise radial sempre deve ficar alinhada com o capitélio.
- Lateral supinada: linhas traçadas tangencialmente anterior e posteriormente à cabeça radial devem envolver o capitélio.
Classificação de Bado
- Tipo I: luxação anterior da cabeça radial, com fratura da diáfise ulnar em qualquer nível com angulação anterior.
- Tipo II: luxação posterior/posterolateral da cabeça radial, com fratura da diáfise ulnar com angulação posterior.
- Tipo III: luxação lateral/anterolateral da cabeça radial, com fratura da metáfise ulnar.
- Tipo IV: luxação anterior da cabeça radial, com fraturas do rádio e da ulna dentro do terço proximal no mesmo nível.
(EGOL; KOVAL; ZUCKERMAN, 2010).
Tratamento
- A redução fechada e a imobilização gessada das fraturas de Monteggia somente devem ser reservadas para a população infantil.
- As fraturas de Monteggia necessitam de tratamento cirúrgico, redução aberta e fixação interna da diáfise da ulna, com uma placa de compressão dinâmica de 3,5 mm ou pré-moldada de resistência suficiente. A redução fechada da cabeça radial com restauração do comprimento ulnar é a regra. A aplicação da placa no lado da tensão (dorsal) é recomendada, especialmente na fratura do tipo II de Bado.
- Após a fixação da ulna, a cabeça radial geralmente está estável (em mais de 90% dos casos).
- A impossibilidade de redução da cabeça radial juntamente com a redução e a estabilização da ulna em geral resulta de uma redução imprecisa da ulna. Secundariamente, pode haver a interposição do ligamento anular ou do nervo radial.
- Fraturas associadas da cabeça radial podem necessitar de fixação ou artroplastia.
- Após a cirurgia, o paciente é colocado em uma tala posterior para cotovelo durante 5-7 dias. Nas fixações estáveis, a fisioterapia pode ser iniciada com exercícios ativos para flexão-extensão e supinação-pronação. Se a fixação ou a estabilidade da cabeça radial for questionável, o paciente pode ficar imobilizado por longos períodos com avaliação radiológica seriada para se determinar a consolidação, seguindo-se um regime supervisionado de fisioterapia.
(EGOL, KA et al., 2013).
Complicações
- Pseudoartrose: vista com maior frequência nas fraturas do tipo II de Bado.
- Lesão nervosa: mais comumente associada às lesões dos tipos II e III de Bado envolvendo os nervos radial e/ou mediano, bem como seus respectivos ramos terminais, os nervos interósseos posterior e anterior. Elas também podem complicar a redução aberta devido a uma tração exagerada ou manobras de redução. A exploração cirúrgica está indicada para a falha de recuperação de uma paralisia nervosa após um período de 3 meses de observação.
- Instabilidade da cabeça radial: incomum após a redução anatômica da ulna. Se uma nova luxação ocorrer menos de 6 semanas após a cirurgia com uma redução ulnar não anatômica, pode-se considerar a repetição da redução com fixação da ulna e redução aberta da cabeça radial. A luxação da cabeça radial menos de 6 semanas após a cirurgia é mais bem abordada mediante a excisão da cabeça radial.
Tempo de Consolidação
De 8 a 12 semanas. algumas fraturas precisam de até 4 meses para que ocorra a união, é rara a consolidação retardada.
(HOPPENFELD, S et al., 2001).
Referências
EGOL, Kenneth A.; KOVAL, Kenneth J.; ZUCKERMAN, Joseph D. Manual de fraturas. 4. ed. Rio de Janeiro: DiLivros, 2013
HOPPENFELD, S.; MURTHY, Vasantha L. Tratamento e reabilitação de fraturas. In: Tratamento e reabilitação de fraturas. 2001. p. 606-606.